O amor se parece muito com um sorvete. Ok, eu sei que isso pode suar idiota e meio inexplicável, mas tem um tempo que venho pensando sobre isso. Sabe por que o amor se parece com sorvete? Porque, quando você começa o sorvete, é a melhor parte, né? É quando você começa a sentir o sabor, puro e refrescante. É quase tão bom quanto o primeiro amor, os beijos ao fim da tarde, os sorrisos despreocupados, a vontade de que nunca termine. Depois, o sabor continua bom, mas se mistura com a casquinha, que anula um pouco a intensidade dele. Quer dizer, aos poucos, você começa a enfrentar algumas dificuldades básicas no seu romance - ciúme, falta de tempo… Coisas que vocês dois, que ainda se amam muito, conseguem facilmente reverter. As coisas começam a se tornar mais complicadas no fim, quando o sorvete está prestes a terminar e o amor já não é mais o mesmo. É quase como se toda aquela intensidade fosse mais imaginação do que realidade. Embora, naquele momento, tenha sido até real demais. Por fim, a última mordida, o despedir triste. Quando não resta mais nada além da lembrança e do sabor que você tem certeza de que nunca mais esquecerá.
Letícia Loureiro.